Não basta ir atrás dos corruptos, é preciso punir também os que vendem seu voto

• 26/12/2024
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É considerado crime eleitoral grave tanto a compra quanto a venda de votos, conforme a Lei nº 9.840/99 (Foto: Divulgação)

por Helio Vaz

A política francisquense vai terminar o ano com um prefeito e vereadores reeleitos sob suspeita de compra de votos. Cabos eleitorais pegos com maços de dinheiros em seus veículos e bolsos. No entanto, até aqui, nunca se ouviu falar de qualquer eleitor que tenha vendido o voto ser punido exemplarmente, embora vender voto seja crime.

Conforme a Lei nº 9.840/99, é crime eleitoral grave tanto a compra quanto a venda de votos, conhecida legalmente como captação ilícita de sufrágio. Então, com base na legislação, em troca de votos é proibido doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública.

Vemos em várias partes do Brasil, as denúncias de candidatos a vereador/prefeito, com mandato nas eleições desse ano, junto com o dinheiro, santinhos e outras provas apreendidas, inclusive com lista e nome de eleitores que negociaram os votos, os quais são identificados pelo número do título de eleitor. Logo, há provas suficientes para punir os vendedores de voto.

Em sua maioria

Os “políticos” entendem, que só conseguem se eleger comprando votos, porque boa parte dos eleitores votam apenas mediante pagamento, favores e benefícios. A situação chegou a um certo nível que não dá mais para saber quem é o corrupto e o corruptor. Virou rotina nos períodos eleitorais: compra de voto. Será que a venda de voto, acontece, porque está todo mundo comprando. Como interromper o sistema;

Punição aos corruptos

Enquanto a educação não consegue mudar o pensamento e as atitudes dessa geração de cidadãos, passou da hora de a Justiça Eleitoral punir severamente também os vendilhões de voto junto com os seus compradores, colocando a Polícia Federal para bater à porta dos vendedores de voto nas primeiras horas da manhã: “Toc-toc-Toc. Quem é?! É a Polícia Federal”.

A venda de voto não pode mais se tolerada. É necessário apenas cumprir o que diz a lei, a qual afirma que o eleitor que solicitar dinheiro ou aceitar outra vantagem para si ou para outra pessoa também será responsabilizado criminalmente, com pena de até 4 anos de reclusão, além do pagamento de multa. É o que está previsto no artigo 299 do Código Eleitoral.

Vale ressaltar que a venda do voto não fica caracterizada apenas em receber dinheiro, conforme apontam os esquemas chamados de “Boca de Urna”, as famosas “BUs”. Também é crime o recebimento de cestas básicas, material de construção, um emprego ou qualquer outro benefício em troca de voto.

Punir os corruptos e deixar os corruptíveis impunes não irá equacionar essa grande questão. É preciso passar a limpo a prática nefasta de vender voto. Somente quando os vendilhões que montam as feira-livres de voto a cada pleito forem para a cadeia, mexendo no bolso deles com multas e prisão, é que a política começará a ser depurada. O vendedor de voto não pode mais ser tratado como coitadinho.

Não julgue os outros por si próprio

Com tantos escândalos, sai governo, entra governo, todo o mundo se acostumou a dizer duas frases de amargar: "Detesto a política" e "os políticos são todos iguais". Realmente os tempos mudaram; e pra pior. Somente para recordar. Lá pelos anos 1970, 1980, os bons alunos viravam líderes estudantis, oradores de turma e, não raro, sonhavam ser candidatos a vereador, deputado, senador ou prefeito.
Também seguiam essa trilha advogados, médicos e engenheiros, os principais sindicalistas, os líderes de movimentos negros, de mulheres e vai por aí afora.

Ciclo vicioso

Hoje, quem você conhece que esteja louco para disputar eleições e virar político? criou-se, um ciclo vicioso: só fazem carreira política os filhos e netos de políticos ou aqueles que acham que é uma forma de investimento, de subir na vida. Assim, surgiu o desiquilíbrio entre os que querem realmente agir para um mundo melhor e aqueles outros que só pensam em se dar bem. Infelizmente á muito tempo o sistema político brasileiro está avariado.

Não somos iguais

Gostemos ou não, é a política que move o mundo, e os políticos não são todos iguais. Votar na melhor proposta de gestão pública, seja para presidente, para governador ou para qualquer outro cargo eletivo (não vender o voto) é ajudar o País, o Estado, é garantir dias melhores para as futuras gerações. Não votar (justificar o voto) é dar chance da continuidade do político corrupto no poder.

Para você que coloca todos na mesma posição, para justificar o seu falso desinteresse pela política, encerramos nossa colocação com a celebre frase; “Como explicar para a mosca, que o mel é melhor do que a bosta”.